Há uma excelente passagem num texto de Paulo onde ele diz o seguinte:
“Quando eu era criança, pensava como menino, sentia e falava como menino. Quando cheguei à idade adulta deixei para trás as atitudes próprias das crianças. Agora, portanto, enxergamos apenas um reflexo obscuro, como em um material polido; entretanto, haverá o dia em que veremos face a face. Hoje, conheço em parte; então, conhecerei perfeitamente, da mesma maneira como plenamente sou conhecido. Sendo assim, permanecem até o momento estes três: a fé, a esperança e o amor. Contudo, o maior deles é o amor! (1ª Coríntios 13:11-13).
Enquanto eu era criança e jovem, tinha muitas bobagens na mente. Era jogo de futebol de botão, futebol no campinho com os amigos, as cosias da escola, os desafios imaginários de mil e uma coisas que não significam absolutamente nada na atualidade em que sou e estou adulto; porém, quando cresci descobri que a salvação é um dom e que os dons não são conquistados, mas dados por Deus (Efésios 2.8-9) e que todo dom é irrevogável (Romanos 11.29).
Minha principal dificuldade era resolver um assunto principal: “o que significa ser um cristão?” – este tema, mais do que todos os outros, precisava de uma resposta objetiva e direta.
Em Atos 11:25-26 lemos: “Então Barnabé foi a Tarso procurar Saulo e, quando o encontrou, levou-o para Antioquia. Assim, durante um ano inteiro Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e ensinaram a muitos. Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos.“
Não demorou para eu obter uma resposta direta e primária sobre o que significa ser um cristão e ela assim me define: “‘E vocês?’, perguntou Ele. ‘Quem vocês dizem que eu sou?’ Simão Pedro respondeu: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’.” (Mateus 16:16-16). – esta claro que quem crê me Cristo e em tudo que Ele representa, na forma exata do que Pedro respondeu é um cristão. Mas, tenho acompanhado um bocado de gente com um mar de interpretações sem qualquer conexão com realidade dizendo que são cristãos, absolutamente dissociados da verdade que é apenas uma:
1- Jesus era um judeu –“Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá” (Hebreus 7:14); “veio para o que era Seu, e os seus (judeus) não O receberam” (João 1:11). No encontro com a mulher Samaritana, ela O reconhece e Ele se define como judeu de fato (João 4:9; 18:35). Quando examinamos a Sua família terrestre em Maria e toda a Sua genealogia, fica claríssimo que Ele é judeu (Lucas 3:31,33; Atos 2:30 e 2ª Timóteo 2:8). A antiga profecia feita por Jacó/Israel em Gênesis 49:10 disse que “o cetro não se arredará de Judá” e em 1ª Crônicas 5:2 a visão profética indica com certeza que “Judá foi poderoso entre seus irmãos e dele provém o Príncipe” aludindo-se à vinda de Cristo que, em Apocalipse 5:5 é “o Leão da tribo de Judá” e os apóstolos definiram com conclusiva demanda que Ele é um descendente de Davi (Lucas 1:32) e “que nasceu da descendência de Davi segundo a carne” (Romanos 1:3).
2- Eu sou brasileiro – Eu sou um brasileiro, descendente de raízes paternas “sem nome” oriundas da África, das levas de escravos vindos de Angola que se misturaram com ancestrais da tribo Ançu da Nação dos Cariris, lá de Exu em Pernambuco, da parte de minha avó paterna (vó Laiz) e, por parte de meu avô paterno (Antônio), numa conexão que se dá dentro da Nação dos Cariris, porém, em alguma das tribos nômades que se posicionaram na Região do Crato/Barbalha (1856) no sul do Ceará, numa miscigenação com negros escravos que chegavam do Congo em Recife e comprados para Senhores de Engenho no que veio a ser a Barbalha de hoje. Por outro lado, as raízes maternas estão na herança de meu avô materno (Joaquim) que tem ancestrais escravos da Região de Juiz de Fora que vieram do Congo e de minha avó materna (vó Lolita) que é de Campos de Goytacazes, fruto de uma investida de um filho de um senhor de uma fazenda de um português com uma índia goytacaz. Ou seja, eu vim de uma descendência que legou em meu sangue uma mistura memorial de dor, abandono, perseguições e escravidão.
Quando eu olho para mim mesmo no espelho, vejo um “mulato” que, literalmente significa que sou alguém que é fruto de uma descendência direta de dois ramos africanos (Angola e Congo) e um ramo europeu (Portugal), e, sabendo que tenho uma forte mistura com três tribos indígenas (Ançu da Nação Cariri de Exu, PE + Kariris de Barbalha + Goytacazes do Rio de Janeiro), sou literalmente o resultado final do que se denomina mestiço, isto é, um ser humano gerado à partir da miscigenação ou mestiçagem que consiste na mistura de raças e de diferentes etnias, tornando-me desta forma uma figura multirracial e, minhas características são objeto de minhas pesquisas ano-a-ano.
Que conexão tenho eu com Jesus Cristo?
No início deste artigo, menciono que já fui um menino, porém, quando cresci descobri que a salvação é um dom e que os dons não são conquistados, mas dados por Deus (Efésios 2.8-9) e que todo dom é irrevogável (Romanos 11.29).
Sob o ponto de vista humano, diante do orgulho dos poderosos, que se ufanam em teses ignóbeis como as que defendem a moderna eugenia, ou a própria discriminação sob a teoria da pureza do sangue, muito defendidas por ocultistas e por neo-nazistas, profundamente raivosos contra Jesus Cristo e contra Israel, eu me posiciono à certa distância como observador e como quem percebe a realidade maiêutica e noética do que significa estar na família de Deus, do Deus de Israel, por adoção!
Está escrito que, no final de todas as coisas, na restauração de todas as coisas, uma grande multidão de todas as tribos estará vestida com trajes brancos diante do Eterno; eis as palavras sagradas:
“Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém. E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no Seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima”. (Apocalipse 7:9-17).
Quatro pontos são fundamentais nesta passagem:
1ª) Uma grande multidão de salvos, na restauração de todas as coisas, por obra do Eterno Criador, oriundas exatamente de uma miscigenação enorme que envolve “todas as nações, tribos, povos e línguas” – o que me coloca bem no centro da oportunidade;
2ª) Esta multidão expressa uma firme convicção na autoridade e soberania do Deus de Israel e de Cristo, ao ponto de louvarem-No por toda a Sua imensa redenção praticada à favor deles e isto se deve à mensagem do evangelho conforme se pode conhecer em muitos textos da Bíblia dentre os quais destaco sempre 2ª Coríntios 5:17-21 e Efésios 2 que são, particularmente, especiais para minha exegese espiritual e maiêutica pessoal – isto me coloca novamente bem no centro da oportunidade;
3ª) Tal multidão está “vestida de trajes brancos” que foram branqueadas no “no sangue do Cordeiro” e esta passagem é extremamente importante, porque é, devido á esta atitude que estas pessoas estão diante de Deus e do trono da vida eterna, irão beber da água da vida e servirão no “Seu templo” eterno na vida eterna. O sangue do Cordeiro que é Cristo é tema para um estudo muito amplo e que este espaço não me permite agora, porém, dois pontos são fundamentais. O primeiro está no registro analógico feito entre o que ocorreu no antigo Egito quando Israel foi liberto pelo Senhor, do jugo de Faraó e o texto sagrado diz, referindo-se a Cristo: “Assim, Jesus também sofreu fora das portas da cidade, para santificar o povo por meio do seu próprio sangue” (Hebreus 13:12); e, segundo está na confissão de João Batista que declarou: “Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Com efeito a doutrina apostólica é de que “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”. (1ª João 1:7). na Teologia Israelense primária, ampliada pela abordagem da Igreja Cristã, com base firmada nas Escrituras, vemos que “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hebreus 9:22); “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 6:23). Com efeito, “alma que pecar essa morrerá” (Ezequiel 18:4) e “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23) e este é exatamente o ponto em que a eugenia, a teoria sobre as raças, o orgulho nacional ou tribal são jogados na lata de lixo da História e se tornam inúteis: todos somos pecadores, toda a Humanidade está perdida em seus próprios pecados. Disto decorre a palavra imensamente conhecida de que “Deus amou o Mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16) – e é aqui que a multidão inumerável entra em cena! A formação da Igreja é fruto de uma iniciativa divina determinada em Mateus 28:18-20 em que “quem crer e for batizado será salvo” e, esta salvação se dá pelo fato de que esta “igreja foi comprada pelo Seu sangue” (Atos 20:28); “este sangue nos purifica de todo o pecado” (1ª João 1:7); “este sangue nos justifica” (Romanos 5:9) e, Deus teve tanto cuidado com esta questão do sangue de Cristo em nosso favor que toda a religião Cristã se fundamenta no derramamento do sangue do Filho Unigênito de Deus, recorrendo-se à todas as revelações e simbologias determinadas para Israel no passado (Hebreus 9:7-14; 9:18,22; Gálatas 3:13; Filipenses 2:8; dentre outros). – isto me coloca novamente bem no centro da oportunidade porque eu confesso toda esta exposição como sendo minha crença para a vida eterna nos termos de Romanos 10:9-10.
4ª) A grande multidão de miscigenados, de mestiços, de misturados, juntamente com as raças que não conheceram esta mistura por isolamento ou preconceito, finalmente se tornam espécie humana diante de Deus, sem distinções carnais e da Era do Pecado e do jugo que havia de Satanás sobre todos nós! O próprio Deus em Pessoa nos guiará e limpará de nossos olhos toda lágrima. Isto significa que está encerrada para a eternidade toda a estupidez humana com discussões sobre raças, tribos, sangue e coisas do gênero, muito defendidas por psicopatas que amam a doutrina satânica da eugenia.
Quando eu olho para mim mesmo no espelho, vejo um “mulato/miscigenado” que, pelo sangue de Cristo, está desde já, imediatamente, aceito e acolhido no reino de Deus, porque está escrito: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (1ª João 1:9); “logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Romanos 5:9); ““Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no Seu nome” (João 1:12).
Todas estas coisas eu preservo em meu ser interior, com a clareza de quem as examina desde os 13 anos de idade e nasci em 21/09/1968. Mas, em hipótese alguma me esqueço, olhando-me no espelho que a minha jornada em desde a saída desta origem mulata/mestiça até a glória da vida eterna, pelo dom de Deus que é irrevogável (Romanos 11.29); vale para minha pessoa um tripé de proteção psíquica e ele diz: “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.” (1 Coríntios 13.13)