Quem são meus amigos de verdade?
Não gosto da abordagem que leva aos choros e aos apupos de melancolia; prefiro a objetividade, aliás, tenho me confessado um objetivista incorrigível, conforme minha posição de pragmático utilitarista igualmente teimoso.
Pauto-me pela Bíblia e por célebres pensadores que tenho tido a honra de ter dentro de minha casa na forma de livros, artigos e com o advento da Internet, dentro de minha tela.
Exemplo desta abordagem é Confúcio que declarou com precisão: “Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.“
Eu acredito, sinceramente, no que disse Sócrates: “quem tem muitos amigos não tem nenhum”; e, tenho buscado uma abordagem técnica para a definição de amizade, que seja racional e lógica – afastando-me das pretensas definições emocionais ou sentimentais, porque baseado nelas por praticamente meio século, eu descobri que são frustrantes e desanimadoras as consequências deste tipo de postura.
O meu raciocínio sobre a pauta vem sendo desenvolvido paralelamente à este breve enunciado há cerca de 5 anos e teve uma razão de ser. Em 2016 eu vivi o pior ano de toda a minha vida até hoje. Fui à falência quase total (90%), dependi de ajuda de amigos, desfrutei de depressão que, agravada por minha condição de borderline que tornou mais difíceis minhas madrugadas sem dormir e angústias ineptas.
Se não fôra a presença de Keyla e Kemily em meu dia-a-dia certamente minha situação teria sido mais trágica ainda. Se não fosse pelo rigor na capacidade de concentrar minha mente no que diz Filipenses 4:6-9 e estaria em algum tipo de crise que não pretendo nem imaginar qual poderia ter sido.
Mas, foi neste exato momento que experimentei a diferença que está expressa no pensamento de Confúcio que mencionei acima. E, sem falsidade alguma, consigo diferenciar a realidade econômica de todas as pessoas que interagem comigo, sei distinguir a incapacidade de um amigo poder ajudar-me numa situação de penúria e de desolação, quando ele mesmo possui severas limitações pecuniárias.
Orações e palavras de ânimo não custam um mísero centavo e, com efeito, tive tempo para refletir nas palavras de Martin Luther King quando declarou: “No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.”
Aprendi algumas coisas sobre esta coisa de “amigo” e da espontaneidade de pessoas que estendem a mão ou são empáticas quando somos honrados e sinceros com elas. Também pude perceber à época que, muitas pessoas que sempre se disseram minhas amigas, na realidade, vive dentro de suas próprias crises pessoais e sociais tão complicadas que, decididamente, não há espaço para serem minhas amigas no nível que eu gostaria e, muito provavelmente, nem pensam nisto.
Quatro amigos foram criteriosamente bondosos em 2016 e quero manifestar minha objetiva gratidão por socorrem-me, permitindo-me oferecer meus serviços às suas empresas ou em algum projeto para o qual me contrataram à época, de sorte que por longos 10 meses tive um lenitivo e não fui despejado por total falta de recursos financeiros. São eles: (1) Veridiano Gadelha; (2) Walter de Paula; (3) Célio Costa; e, (4) Gedalias Lima.
Há outros amigos em outros cenários; também repito que aqui não faço juízo de valor de nenhum outro amigo e que reconheço as limitações de muitos deles à época; porém, estes quatro recebem aqui minha gratidão por terem estendido a mão em minha direção. A benção de Deus está em minha boca para vos abençoar!
Mas, quero deixar aqui uma marca sobre o que entendo acerca desta coisa de amizade verdadeira. O “amor” é comumente pensado como um “sentimento” e para mim não é sentimento de forma alguma! O amor é o conjunto de quatro princípios bem definidos: respeito, lealdade, verdade e compromisso. Em outras oportunidades eu desenvolvo melhor este conceito – mas, o que me importa definir aqui é que meus amigos possuem para comigo numa escala de profundidade relacional, da primeira palavra para a última, atitudes que posso identificar com clareza.
Fica aqui a dica para que você que estiver lendo este texto, pense cuidadosamente:
(1) A pessoa te respeita? É um critério sem o qual não haverá nenhuma amizade.
(2) A pessoa te respeita e verdadeiramente leal ou tem trairagem?
(3) A pessoa além de lhe respeitar, ser leal e verdadeira contigo? E aqui cabe uma análise cuidadosa: ela tem o prazer de dizer-lhe verdades porque quer subjugá-lo ou dominá-lo? Se assim for, não tem amizade aí de forma alguma!
(4) Agora, “compromisso” envolve um contrato que pode ser externo ou emocional – isto dito, fica claro que somos cercados de pouquíssimos amigos que tenham este nível de envolvimento com nossa vida. Isto é algo que certamente é muito difícil mesmo! Pode acontecer em certos períodos da vida este nível de amizade, inclusive, observamos que as pessoas podem se afastar de nós por conta do lugar onde vivemos e “exigir fidelidade” por toda a vida é uma coisa muito complicada e, por algumas vezes “injusta” se pensarmos que somos “o centro da vida social das pessoas” que, certamente, possuem muitos compromissos com outras pessoas numa perspectiva transversal.
Isto pontuado, acredito que tenha mais amigos do que eu mereço, se aplicar os critérios que aqui eu aponto e que devem valer primariamente para mim, porque apenas uma adulto sem maturidade exigiria ser atendido sem oferecer nada em troca para aqueles que deseja ter como seus amigos.
Mas, entendamos uma coisa, há ALGUÉM que nunca deixará de nos sustentar e cuidar, guiar e ser nosso amigo de verdade:
“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas Eu vos tenho chamado amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai Eu compartilhei convosco.” (João 15:15)
Shalom!